Silencio total. Estavam reiniciando o sistema do planeta que deu bug. O bug COVID-19.
O sistema estava sobrecarregado, concentrado, desigual, muita informacao deu nisso. Era óbvio que ia dar pane.
Kátia Maria ficava agoniada com a ideia de ter que ficar em casa por um dia, quanto mais uma semana, pior que isso! 3 semanas!! 3 longas semanas!! E quando nao se achava que algo podia ser ainda pior do que já estava, o governo adiou essas 3 semanas pra quase 2 meses. Sem perspectiva de quando ia voltar ao normal. Se é que ia voltar ao normal.
Em casa Kátia estava armada com tudo. Tinha o mais novo modelo de celular da Eipou, cachorrinho fofo pra abracar nas horas da agonia, uma esteira pra manter as coxas firmes, um marido que ajudava na limpeza, e milhoes de filmes, séries pra ver no Netflix, Amazon Prime, HBO, Disney plus, além de cartao de crédito sem limites pra encomendar uma nova mesa, kits e kits de maquiagens e cosméticos da Victoria' Secrets.
A segunda taca de vinho já tava quase acabando e a irritacao comecando.
- Mooooo, nao gostei desse vinho! argh...está vinagrado!
Perdeu duas horas vendo um documentário sobre epidemia.
Falou com parentes, mas a hora nao passava.
Foi aí que teve a "brilhante" ideia.
Antes dessa ideia porém, resolveu deitar. Dormir nao era algo que fazia facilmente ainda mais em tempos de inquietacao, impaciencia e raiva, muita raiva.
A casa era enorme para os dois. O marido trabalhava. Também estava preocupado com o fato de ter que reduzir gastos. O carro tinha que ir pro mecanico. Mas nao havia mecanico, nao havia porque dirigir, nao havia lugar pra ir.
- Mooo, vem cá, rápido!
- O que foi? To trabalhando!
- Ainda?! Já tá na hora de parar! - Kátia franze a testa gritando.
- Já vou.
O barulho dos pés na escada indicavam que ele nao queria ouvir Kátia gritar novamente. Ela o aguardava de camisola, sentada a beira da cama, perna cruzada:
- O que voce acha?
- O que voce acha do que?
- O que voce acha que eu vou falar?
- Sei lá! Como vou saber?
- Bom, pensei que a gente precisa fazer um dinheiro, eu nao to trabalhando, voce trabalha mas estamos tendo mais gastos...
- Ahn...
- E aí que eu pensei...
- Pensou em que?
- Vender algumas coisas. Sei lá!
- Vender o que?
- Bicicleta ergometrica, aquela mala que voce nunca usou, o seu terno...
- Voce podia é pegar reembolso daquele cruzeiro que voce pagou e a gente nao vai mais.
- Tá, mas isso nao é suficiente... - Nesse instante, Kátia olha pro vazio com um rosto desolado.
- Entao faca as contas e me fale, eu concordo que a gente precisa fezer mais dinheiro.
Kátia nesse dia ficou sem coragem de dizer qual era a ideia que ela tinha de fato.
Porém, a monotonia era mais forte que o medo. Os remédios e vinhos eram as únicas coisas que faziam-a sair da cama.
E a ideia que ela havia adiado nao parava de alfinetar a sua mente.
Ligou para a melhor amiga pra revelar o que era. A amiga nao sabia o que dizer.
***O plano***
Kátia nao precisava de opinioes, consumida pelo próprio ócio conseguiu finalmente soltar pro marido.
O plano consistia em sair de casa no dia seguinte pela manha.
Tinham que ser rápidos e sagazes para que desse certo.
As 10 horas da noite estavam na cama, as 11 dormiram depois de ver mais um episódio de "Quem vai mitar?", reality show no estilo Big Brother, baixaria total, adoravam aquilo.
3 horas da manha um barulho repentino fora de casa. Ele se levanta, Kátia ronca. De repente, a porta é arrombada. Entram 2 homens no escuro da cozinha.
- Polícia, polícia!
Kátia acorda.
Ainda de camisola é algemada junto com o marido.
Sao jogados no banco de passageiros. Nem uma palavra, nada.
Na delegacia sao interrogados, jogados em xadrez separados. Kátia nao parece estar surpresa. Iriam pegar alguns anos de cadeia.
Mas, qual era o plano?
Especula-se entre amigos e vizinhos que os dois iriam montar a morte de uma tia de Kátia pois nao gostavam dela e queriam ficar com a heranca. Iriam aproveitar-se da quarentena para usar isto como álibi. Fazia sentido. Outros conhecidos especulavam que eles iriam mesmo é sair da cidade.
Mas, como a polícia soube? Ninguém sabe, a tal amiga de Kátia nunca foi lá grande amiga, e se encontrava desaparecida. ***Fim***
Wednesday, May 13, 2020
Tuesday, April 21, 2020
Renaissance
Morremos todos os dias.
A impermanencia é a unica permanente no budismo.
Sobrevive nao o mais inteligente, nem o mais forte, mas aquele que se adapta as mudancas.
Eu morri quando mudei de país.
A gente que muda de realidade muda também internamente.
Conheca o universo e conhecerá a si mesmo. Ou seria conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo?!
É preciso morrer todos os dias pra renascer. Ser, hoje, uma pessoa melhor que ontem e pior do que amanha.
A impermanencia é a unica permanente no budismo.
Sobrevive nao o mais inteligente, nem o mais forte, mas aquele que se adapta as mudancas.
Eu morri quando mudei de país.
A gente que muda de realidade muda também internamente.
Conheca o universo e conhecerá a si mesmo. Ou seria conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo?!
É preciso morrer todos os dias pra renascer. Ser, hoje, uma pessoa melhor que ontem e pior do que amanha.
Sunday, April 5, 2020
Monday, March 30, 2020
Carta ao futuro
Caro futuro,
Historiadores do futuro terao muito mais material do que jamais tiveram pra relatar o que temos hoje.
Acho que a ultima vez que algo desse tipo impactou a sociedade foi na 2GM.
A constatacao pra barrar o tédio na quarentena continua sendo a mesma de todas as minhas experiencias de tédio, a melhor coisa a se fazer nessas horas é mesmo comer. Aliás, eu cheguei a essa constatacao ainda jovem, lá pelos 15 anos, em uma viagem de onibus com um amigo. Saímos do Rio de Janeiro para Campo Grande / MS. Enquanto o onibus inteiro dormia, nos comíamos. Passamos as 21 horas(com paradas a cada duas horas pra esticar as pernas) comendo e contando piada, batata crocante, Mcdonalds, biscoito...A outra constatacao é que a companhia que voce tem no confinamento também ajuda e muito.
Hoje em dia comer tem sido problema quando se está de dieta.
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Os animais sentem que há algo estranho no ar, Chica, minha gata, nao ve as mesmas pessoas pela janela que ela via diariamente. As gaivotas também devem estar
pensando "cade aqueles bichos estranhos que hora nos alimentam, hora ficam putos quando roubamos as comidas deles? Alguma merda deve tá rolando."
Os animais sentem que há algo estranho no ar, Chica, minha gata, nao ve as mesmas pessoas pela janela que ela via diariamente. As gaivotas também devem estar
pensando "cade aqueles bichos estranhos que hora nos alimentam, hora ficam putos quando roubamos as comidas deles? Alguma merda deve tá rolando."
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Antes de entrarmos em confinamento aqui eu já havia ouvido o relato de uma amiga nossa da Itália. Amiga essa que é super animada. Tres semanas atrás ela nos disse que a vibe lá estava estranha, entediante. E eu nao havia me convencido se ela usava o termo "entediante" adequadamente. Até o dia de ontem, primeiro domingo confinado. Ao sair de casa e nao ver nada aberto eu me entediei. A sensacao era de estar no interior do Brasil, em pleno domingo depois do carnaval. Aquela sensacao de "acabou". Aquela sensacao de "temos que voltar pra realidade".
Antes de entrarmos em confinamento aqui eu já havia ouvido o relato de uma amiga nossa da Itália. Amiga essa que é super animada. Tres semanas atrás ela nos disse que a vibe lá estava estranha, entediante. E eu nao havia me convencido se ela usava o termo "entediante" adequadamente. Até o dia de ontem, primeiro domingo confinado. Ao sair de casa e nao ver nada aberto eu me entediei. A sensacao era de estar no interior do Brasil, em pleno domingo depois do carnaval. Aquela sensacao de "acabou". Aquela sensacao de "temos que voltar pra realidade".
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Historiadores do futuro provavelmente vao ter muito mais do que precisam sobre esse momento atual.
Nao vao precisar perder seus tempos lendo um blog simples como esse aqui. Mas, eu escrevo para mim antes de tudo e de todos.
As pessoas, incluindo aí um filosofo-pop, falam pra nos dedicarmos a leitura, aos estudos, aprender uma língua nova. Mas, se esquecem que pra tudo isso existe algo essencial, motivacao. E eles nao dao dicas de como se motivar. Ah, se a vida viesse com um manual de instrucoes.
Historiadores do futuro provavelmente vao ter muito mais do que precisam sobre esse momento atual.
Nao vao precisar perder seus tempos lendo um blog simples como esse aqui. Mas, eu escrevo para mim antes de tudo e de todos.
As pessoas, incluindo aí um filosofo-pop, falam pra nos dedicarmos a leitura, aos estudos, aprender uma língua nova. Mas, se esquecem que pra tudo isso existe algo essencial, motivacao. E eles nao dao dicas de como se motivar. Ah, se a vida viesse com um manual de instrucoes.
Por algum motivo George Orwell tem vindo a minha cabeca constantemente. Principalmente no livro "Homage to Catalonia", especie de diário em que Orwell descreve seu voluntariado na guerra-civil espanhola, 1936. Eu acho esse periodo, 1936, particularmente fascinante. Acho que diários funcionam melhor do que muitos livros de história. Se antes eu queria ter vivido em 1936 e participado daquela guerra, lutar por uma causa, hoje penso que o clima devia ser muito mais entediante do que aquelas cenas que vimos em filmes ou livros. Estaria mais pra aquele clima de cidade interior no domingo, seja na Espanha ou no Brasil em que tudo fecha. Acho que a guerra se resume muito mais a esperar do que tomar qualquer acao. Acho nao, tenho certeza que, no meio da tensao é preciso esperar. Ontem já passou, hoje ainda estamos no hoje, um dia de cada vez, hora após hora.
Paciencia. Paciencia que vem do Latim, patientia, sofrer. Talvez eu estude latim. Lá fora ouco ronco do motor de algum carro, é o primeiro ruído do dia, alguém testando o carro. Lembro que minha moto tá parada no quintal da casa. Talvez eu teste minha moto. Talvez uma boa leitura...
Antonio
Wednesday, January 15, 2020
^Diarréia de só craque. Ou, Aquilo que diferencia, de fato, alguém de esquerda pra alguém de direita^
- Eu nao acho que ninguem devia ter uma Ferrari.
- Por que nao?
- Porque temos necessidade de dinheiro circulando no mundo.
- Mas, se eu tenho dinheiro por que eu nao posso decidir o que fazer com ele?
- Porque voce nao tem só dinheiro, voce tem responsabilidades, voce vive em sociedade.
- Entao voce acha que eu tenho o dever de dar o meu dinheiro, adquirido com o meu suor pra sociedade?
- Eu acho que todos nós temos obrigacoes, nao só direitos.
- Voce acha que se eu ganhei um milhao porque fui bem sucedido no que eu fiz, eu devo dar esse dinheiro pros outros?
- Eu acho que ser bem sucedido nao te isenta de ter responsabilidades e deveres. Pelo contrario, voce ser bem sucedido quer dizer que voce sera recompensado com papéis (dinheiro) gerados pelo Estado.
- E?
- E daí que nao é algo natural, mas sim de um conjunto de decisoes humanas para gerar aquele papel que irá te recompensar. Sendo assim, voce deve se sujeitar as regras impostas por quem te recompensa.
- Entendi, mas ainda penso que se eu to num mundo em que eu sou livre pra ser rico entao eu sou livre pra ter uma ferrari, um iate, um jatinho, uma mansao...
- Voce é livre ate que sua liberdade nao afete a dos demais.
- E em que eu afeto a liberdade dos outros tendo uma Ferrari?
- Voce deve se perguntar por que existem pessoas pobres no mundo?
- Certamente nao por culpa minha
- Entao por que?
- Porque elas nao tiveram oportunidades de serem ricas, ou conhecimento, sei lá.
- E se nao tiveram oportunidades, por que isso faltou? Será que sobrou oportunidade pra voce, visto que voce nasceu num país com mais oportunidades, teve pais que te deram educacao, enfim, teve todo um aparato pra ser rico, enquanto que esses milhoes de pobres nao tiveram a mesma coisa que voce?
- Sim, isso é verdade.
- Entao por que vc acha que vc merece mais que os outros?
- Eu acho que eu tenho direito de fazer o que quiser com o meu dinheiro. Além do mais ao comprar uma Ferrari eu to colocando dinheiro em um carro que foi produzido por pessoas, to compensando o trabalho dessas pessoas. To fazendo o dinheiro circular. Entao essa sua ideia de que o sujeito que possui uma Ferrari nao está contribuindo com uma sociedade menos desigual nao faz sentido, pois a riqueza nao anula a riqueza de outras pessoas.
- Sim, isso é verdade.
- Entao me prove ainda que eu nao posso ter uma Ferrari!
- A Ferrari que voce compra é um bem muito valioso. Como disse, o dinheiro precisa circular, uma pessoa sozinha nao devia ter mais que "X" dinheiro. Essa regra devia ser estipulada também.
- Ah, entendi, voce nao quer impedir alguém de comprar uma Ferrari, voce quer um teto pra riqueza.
- Sim!
- Concordo com isso.
- Mas esse teto devia ser abaixo do valor de uma Ferrari.
- Hmmm, nao concordo com isso.
- Voce concorda com um teto?
- Nao sei.
- Voce acabou de dizer que concordava.
- Falei? Ah, entao, acho que sim. Mas só se esse teto for acima do valor da Ferrari.
- Eu nem sei quanto custa uma Ferrari pra te falar a verdade.
- Nem eu!
- Por que nao?
- Porque temos necessidade de dinheiro circulando no mundo.
- Mas, se eu tenho dinheiro por que eu nao posso decidir o que fazer com ele?
- Porque voce nao tem só dinheiro, voce tem responsabilidades, voce vive em sociedade.
- Entao voce acha que eu tenho o dever de dar o meu dinheiro, adquirido com o meu suor pra sociedade?
- Eu acho que todos nós temos obrigacoes, nao só direitos.
- Voce acha que se eu ganhei um milhao porque fui bem sucedido no que eu fiz, eu devo dar esse dinheiro pros outros?
- Eu acho que ser bem sucedido nao te isenta de ter responsabilidades e deveres. Pelo contrario, voce ser bem sucedido quer dizer que voce sera recompensado com papéis (dinheiro) gerados pelo Estado.
- E?
- E daí que nao é algo natural, mas sim de um conjunto de decisoes humanas para gerar aquele papel que irá te recompensar. Sendo assim, voce deve se sujeitar as regras impostas por quem te recompensa.
- Entendi, mas ainda penso que se eu to num mundo em que eu sou livre pra ser rico entao eu sou livre pra ter uma ferrari, um iate, um jatinho, uma mansao...
- Voce é livre ate que sua liberdade nao afete a dos demais.
- E em que eu afeto a liberdade dos outros tendo uma Ferrari?
- Voce deve se perguntar por que existem pessoas pobres no mundo?
- Certamente nao por culpa minha
- Entao por que?
- Porque elas nao tiveram oportunidades de serem ricas, ou conhecimento, sei lá.
- E se nao tiveram oportunidades, por que isso faltou? Será que sobrou oportunidade pra voce, visto que voce nasceu num país com mais oportunidades, teve pais que te deram educacao, enfim, teve todo um aparato pra ser rico, enquanto que esses milhoes de pobres nao tiveram a mesma coisa que voce?
- Sim, isso é verdade.
- Entao por que vc acha que vc merece mais que os outros?
- Eu acho que eu tenho direito de fazer o que quiser com o meu dinheiro. Além do mais ao comprar uma Ferrari eu to colocando dinheiro em um carro que foi produzido por pessoas, to compensando o trabalho dessas pessoas. To fazendo o dinheiro circular. Entao essa sua ideia de que o sujeito que possui uma Ferrari nao está contribuindo com uma sociedade menos desigual nao faz sentido, pois a riqueza nao anula a riqueza de outras pessoas.
- Sim, isso é verdade.
- Entao me prove ainda que eu nao posso ter uma Ferrari!
- A Ferrari que voce compra é um bem muito valioso. Como disse, o dinheiro precisa circular, uma pessoa sozinha nao devia ter mais que "X" dinheiro. Essa regra devia ser estipulada também.
- Ah, entendi, voce nao quer impedir alguém de comprar uma Ferrari, voce quer um teto pra riqueza.
- Sim!
- Concordo com isso.
- Mas esse teto devia ser abaixo do valor de uma Ferrari.
- Hmmm, nao concordo com isso.
- Voce concorda com um teto?
- Nao sei.
- Voce acabou de dizer que concordava.
- Falei? Ah, entao, acho que sim. Mas só se esse teto for acima do valor da Ferrari.
- Eu nem sei quanto custa uma Ferrari pra te falar a verdade.
- Nem eu!
Monday, May 20, 2019
Meu nome é Miguel e o que vou narrar aqui se passou durante dois anos de amizade que, eu diria, foge a todas estatísticas. Até hoje nao entendo como, no meio de tao poucas amizades, pelo fato de eu ser tao seletivo, fui fazer justo esta amizade. Mas, fiz.
Marco, vou chamá-lo de Marco, se tornou meu amigo através de uma namorada que eu tinha e trabalhava com ele. Marco era millenial sociável, engracado, até cativante. Mas, eu mal sabia que ele, além de qualidades também tinha uma "questao".
- Vamos pro pub na quinta?
- Deixa eu ver aqui...sim, to livre na quinta. (já sabia que ir ao pub com ele nao significa apenas algumas cervejas, mas várias!)
Continuei:
- Pra qual pub voce quer ir? O Nelly's?
- Nao, o Black fish.
- Lá é meio contramao pra mim, que tal o Sporty Bar?
- Nao dá também.
Depois fui entender o porque. Marco nao era "bem-vindo" nesses bares, aliás, nao era permitida a sua entrada em 90% dos bares que existiam na nossa linda vila. Nunca me explicou o porque disso, também nunca me interessei em saber o porque. Sei que para vetar a entrada de alguém em um bar é preciso que esse alguém apronte muito. E ele aprontava, como vamos ver.
Marco tinha ao seu lado duas cartas de sorte, dois coringas. Era herdeiro de muita grana e tinha rosto de modelo. E era isso que compensava o fato de ter problemas mentais, se, naquela vila as mulheres eram empoderadas o suficiente pra nao cairem no papo de alguém que só tenha beleza física, ainda nao tinham evoluído o suficiente pra nao cairem no papo de quem tivesse dinheiro. E, como dizia Nelson Rodrigues, o dinheiro compra tudo, até o amor verdadeiro.
Uma noite no pub, eu e Marco jogávamos sinuca e ele apontou para um cara. Eu pensei, "lá vem merda":
- Voce!
O cara olhou desconfiado.
- É, é, voce mesmo!
O cara ainda duvidando.
- Saca só...
Marco segura o taco de sinuca firme com a duas maos e levanta os bracos como se fosse o Bruce Lee iniciando performance com nunchaku. De repente, comeca a fazer uns movimentos e transforma o taco em bastao de kung fu, porém, esse escorrega de sua mao e quase acerta a cabeca do indivíduo. Isso tudo ocorreu depois de umas 4 ou 5 cervejas. Marco, envergonhado, pede desculpas. O cara enfia a mao na cara dele. Somos expulsos do bar. Levo ele pra casa, com o nariz roxo, bebado, desolado. Fico um tempo por lá, ponho uma música, e digo que vou pra casa, afinal tenho que trabalhar no dia seguinte.
Havia essa menina chamada Leticia. Era muito amiga de Marco e vira e mexe saia com ele, quando as coisas nao estavam bem com ele, ela era quem emprestava o ombro amigo. Aliás, emprestava tudo, drogas, cama, comida...Outro dia fomos na casa dela, fizemos uma espécie de roda de violao com mais uns amigos de Letícia. Roda bacana, gente divertida...
- Quer um pouco? Ela me oferece cocaína.
- Nao, nao, brigado. (Respondo naturalmente, nunca usei isso).
- Marco, voce lembra daquela vez que voce correu nu pelas ruas gritando que era um sapo?
- Nao, nao lembro e isso nao aconteceu.
- Eu lembro que voce pulava alto, devia tá a 200km por hora. Foi louco. Chamaram a polícia e tudo.
Marco já tinha sido fichado na polícia. Por stalker. Ficou perseguindo uma ex durante meses, mandando mensagens ameacadoras, indo até a casa dela, enfim.
- Me deixa, po!
- Mas, foi engracado. - Letícia insiste.
Marco dá um tapa na mesa, quebra uma garrafa de uísque e se levanta pra ir embora. Eu vou atrás.
- O que foi cara?
- Vamos pro Black Fish?! Ah, nao posso entrar lá. Vamos pro...
- Cara, daqui eu vou pra casa, quer vir tomar um vinho?
- Pode ser.
Combinamos nesse dia de fazer uma festa na casa dele, próximo ao Natal, tinha de tudo lá, jacuzzi, sauna, bebidas, comidas, só precisava chamar gente.
Outra vez, Marco cismou para mim que queria ser detetive particular, disse que tinha jeito pra estalkear a vida das pessoas. E, adorava a ideia de fazer isso por dinheiro. Eu tentei convence-lo de fazer um curso. Mas, antes disso arrumou um emprego excelente numa empresa gigante. Sua área mesmo era de vendas. Tinha uma lábia como ninguém. Aliás, alem das duas cartas coringas mencionadas acima, essa era a terceira, a forma de persuadir as pessoas. Estava contente com o trabalho, pois ia ganhar uma fortuna. Desnecessário dizer que durou dois meses e foi mandado embora. A mim, ele disse que "se demitiu". Ninguém se demite de um emprego com salário muito bom, a nao ser que voce já tenha outros planos. Ele nao tinha, voltou pra bebida e vida boemia, depressiva. Tomava remédios pra depressao e misturava com alcool. Se tornou um verdadeiro babaca. Suas piadas já nao tinham graca. Quando chegou o Natal chamamos umas 25 pessoas pra casa dele pra fazer a tal festinha. Marcamos antes dessas pessoas irem para minha casa. Quando chegaram, nada do Marco. Esperamos uma, duas horas, ele aparece completamente bebado, nao sei nem como chegou lá em casa. Na cozinha, na frente de todos, pergunta a Marcela, uma menina que havia vindo com amigos meus:
- Posso chupar o seu c*zinho?
Silencio geral na cozinha, todos ouviram isso, todos ficaram com o queixo caído, ela, feminista como toda mulher no início do séc. 21 tem que ser, nao deixou quieto:
- Escuta aqui o seu babaca, eu nao sou sua p*ta nao. Voce vai a merda! Pensando o que?!
Eu converso com a Marcela e tento explicar que ele nao está em condicoes de julgamento. Isso se desenrola por mais uns 5, 10, 15 minutos.
Passado o clima chato, muitos vinhos depois, acabamos nao indo para casa do Marco, pois, como já foi dito, ele estava no "automático", nao havia condicoes, já nao conseguia falar, sequer se mantinha em pé. Letícia, aquela amiga das horas incertas, veio e cuidou dele no sofá. Nesse dia eu tentei algo com a Marcela, estava bebado também, mas nada, era durona mesmo. Ou, pelo menos parecia ser.
Digo parecia ser pois alguns dias depois dessa festa, Marco me liga dizendo que tava saindo com a Marcela. Eu levei dois segundos pra digerir essa informacao:
- Péra, voce tá saindo com aquela menina que vc disse aquela coisa horrível?
- Sim! E digo mais, é uma monstra na cama.
- Kct!
Marco era isso, imprevisível, indiagnosticável, que no meio da bipolaridade tinha um senso de imaginacao incrível:
- Vamos escrever uma história pra roteiro de filme? Eu tenho várias ideias.
- Diga lá, o que voce pensa?
- Algo envolvendo uma conspiracao e um triangulo amoroso.
Nao desenvolvia ideias, tudo era superficial, nao aprofundava, sofria de algum déficit de atencao. Eu tentei pescar:
-Diz aí, o que voce quer escrever?
- Ah, sobre algo que envolva isso que eu disse.
- Sim, voce disse já que tinha ideias, mas nao apresentou nada até agora.
- Eu te falo outro dia. Vamos pro pub?
Estávamos em casa, vendo qualquer coisa na TV, naquele dia ele me disse que havia terminado com a Marcela. Nao durou muito. Nada durava muito na vida desse sujeito. Emprego bom, mulher, pubs que permitiam sua entrada...
Além de mim e da Letícia havia outra pessoa que mantinha regularmente contato com o Marco, era o Francisco. Francisco era intelectual e levava o Marco para passeios gastronomicos, cafés e eventos culturais. Uma vez ele me disse que foi com o Francisco ver a Orquestra Nacional executando Bach - Suite no. 1 em Sol Maior. Casa cheia, Marco disse que foi maravilhoso. Depois de lá foram para um pub e Marco quase saiu na porrada com um cara que tava acompanhado de uma mulher que ele tentou a sorte. Nao havia Bach que libertasse essa alma...
Um dia paramos de falar. Ele havia dormido aqui em casa, no sofá, depois de umas 3 ou 4 garrafas de vinho (isso porque ele já havia vindo pra cá "no grau"), e quando acordei no dia seguinte estava ele de cueca, cambaleando, num rodopio igual a piao em camera lenta, a casa toda suja de vomito e ele lambeu o vomito na minha frente. Eu o botei pra fora! Bastava, nao queria esse tipo de pessoa por perto.
Passaram alguns meses e nao tive mais notícias dele, soube através de amigos que estava namorando e havia mudado pra Croácia. Que fim teve o Marco?
Recebo meses depois um postal dele, perguntando como eu estava, dizendo que havia encontrado sua "alma-gemea".
Marco, vou chamá-lo de Marco, se tornou meu amigo através de uma namorada que eu tinha e trabalhava com ele. Marco era millenial sociável, engracado, até cativante. Mas, eu mal sabia que ele, além de qualidades também tinha uma "questao".
- Vamos pro pub na quinta?
- Deixa eu ver aqui...sim, to livre na quinta. (já sabia que ir ao pub com ele nao significa apenas algumas cervejas, mas várias!)
Continuei:
- Pra qual pub voce quer ir? O Nelly's?
- Nao, o Black fish.
- Lá é meio contramao pra mim, que tal o Sporty Bar?
- Nao dá também.
Depois fui entender o porque. Marco nao era "bem-vindo" nesses bares, aliás, nao era permitida a sua entrada em 90% dos bares que existiam na nossa linda vila. Nunca me explicou o porque disso, também nunca me interessei em saber o porque. Sei que para vetar a entrada de alguém em um bar é preciso que esse alguém apronte muito. E ele aprontava, como vamos ver.
Marco tinha ao seu lado duas cartas de sorte, dois coringas. Era herdeiro de muita grana e tinha rosto de modelo. E era isso que compensava o fato de ter problemas mentais, se, naquela vila as mulheres eram empoderadas o suficiente pra nao cairem no papo de alguém que só tenha beleza física, ainda nao tinham evoluído o suficiente pra nao cairem no papo de quem tivesse dinheiro. E, como dizia Nelson Rodrigues, o dinheiro compra tudo, até o amor verdadeiro.
Uma noite no pub, eu e Marco jogávamos sinuca e ele apontou para um cara. Eu pensei, "lá vem merda":
- Voce!
O cara olhou desconfiado.
- É, é, voce mesmo!
O cara ainda duvidando.
- Saca só...
Marco segura o taco de sinuca firme com a duas maos e levanta os bracos como se fosse o Bruce Lee iniciando performance com nunchaku. De repente, comeca a fazer uns movimentos e transforma o taco em bastao de kung fu, porém, esse escorrega de sua mao e quase acerta a cabeca do indivíduo. Isso tudo ocorreu depois de umas 4 ou 5 cervejas. Marco, envergonhado, pede desculpas. O cara enfia a mao na cara dele. Somos expulsos do bar. Levo ele pra casa, com o nariz roxo, bebado, desolado. Fico um tempo por lá, ponho uma música, e digo que vou pra casa, afinal tenho que trabalhar no dia seguinte.
Havia essa menina chamada Leticia. Era muito amiga de Marco e vira e mexe saia com ele, quando as coisas nao estavam bem com ele, ela era quem emprestava o ombro amigo. Aliás, emprestava tudo, drogas, cama, comida...Outro dia fomos na casa dela, fizemos uma espécie de roda de violao com mais uns amigos de Letícia. Roda bacana, gente divertida...
- Quer um pouco? Ela me oferece cocaína.
- Nao, nao, brigado. (Respondo naturalmente, nunca usei isso).
- Marco, voce lembra daquela vez que voce correu nu pelas ruas gritando que era um sapo?
- Nao, nao lembro e isso nao aconteceu.
- Eu lembro que voce pulava alto, devia tá a 200km por hora. Foi louco. Chamaram a polícia e tudo.
Marco já tinha sido fichado na polícia. Por stalker. Ficou perseguindo uma ex durante meses, mandando mensagens ameacadoras, indo até a casa dela, enfim.
- Me deixa, po!
- Mas, foi engracado. - Letícia insiste.
Marco dá um tapa na mesa, quebra uma garrafa de uísque e se levanta pra ir embora. Eu vou atrás.
- O que foi cara?
- Vamos pro Black Fish?! Ah, nao posso entrar lá. Vamos pro...
- Cara, daqui eu vou pra casa, quer vir tomar um vinho?
- Pode ser.
Combinamos nesse dia de fazer uma festa na casa dele, próximo ao Natal, tinha de tudo lá, jacuzzi, sauna, bebidas, comidas, só precisava chamar gente.
Outra vez, Marco cismou para mim que queria ser detetive particular, disse que tinha jeito pra estalkear a vida das pessoas. E, adorava a ideia de fazer isso por dinheiro. Eu tentei convence-lo de fazer um curso. Mas, antes disso arrumou um emprego excelente numa empresa gigante. Sua área mesmo era de vendas. Tinha uma lábia como ninguém. Aliás, alem das duas cartas coringas mencionadas acima, essa era a terceira, a forma de persuadir as pessoas. Estava contente com o trabalho, pois ia ganhar uma fortuna. Desnecessário dizer que durou dois meses e foi mandado embora. A mim, ele disse que "se demitiu". Ninguém se demite de um emprego com salário muito bom, a nao ser que voce já tenha outros planos. Ele nao tinha, voltou pra bebida e vida boemia, depressiva. Tomava remédios pra depressao e misturava com alcool. Se tornou um verdadeiro babaca. Suas piadas já nao tinham graca. Quando chegou o Natal chamamos umas 25 pessoas pra casa dele pra fazer a tal festinha. Marcamos antes dessas pessoas irem para minha casa. Quando chegaram, nada do Marco. Esperamos uma, duas horas, ele aparece completamente bebado, nao sei nem como chegou lá em casa. Na cozinha, na frente de todos, pergunta a Marcela, uma menina que havia vindo com amigos meus:
- Posso chupar o seu c*zinho?
Silencio geral na cozinha, todos ouviram isso, todos ficaram com o queixo caído, ela, feminista como toda mulher no início do séc. 21 tem que ser, nao deixou quieto:
- Escuta aqui o seu babaca, eu nao sou sua p*ta nao. Voce vai a merda! Pensando o que?!
Eu converso com a Marcela e tento explicar que ele nao está em condicoes de julgamento. Isso se desenrola por mais uns 5, 10, 15 minutos.
Passado o clima chato, muitos vinhos depois, acabamos nao indo para casa do Marco, pois, como já foi dito, ele estava no "automático", nao havia condicoes, já nao conseguia falar, sequer se mantinha em pé. Letícia, aquela amiga das horas incertas, veio e cuidou dele no sofá. Nesse dia eu tentei algo com a Marcela, estava bebado também, mas nada, era durona mesmo. Ou, pelo menos parecia ser.
Digo parecia ser pois alguns dias depois dessa festa, Marco me liga dizendo que tava saindo com a Marcela. Eu levei dois segundos pra digerir essa informacao:
- Péra, voce tá saindo com aquela menina que vc disse aquela coisa horrível?
- Sim! E digo mais, é uma monstra na cama.
- Kct!
Marco era isso, imprevisível, indiagnosticável, que no meio da bipolaridade tinha um senso de imaginacao incrível:
- Vamos escrever uma história pra roteiro de filme? Eu tenho várias ideias.
- Diga lá, o que voce pensa?
- Algo envolvendo uma conspiracao e um triangulo amoroso.
Nao desenvolvia ideias, tudo era superficial, nao aprofundava, sofria de algum déficit de atencao. Eu tentei pescar:
-Diz aí, o que voce quer escrever?
- Ah, sobre algo que envolva isso que eu disse.
- Sim, voce disse já que tinha ideias, mas nao apresentou nada até agora.
- Eu te falo outro dia. Vamos pro pub?
Estávamos em casa, vendo qualquer coisa na TV, naquele dia ele me disse que havia terminado com a Marcela. Nao durou muito. Nada durava muito na vida desse sujeito. Emprego bom, mulher, pubs que permitiam sua entrada...
Além de mim e da Letícia havia outra pessoa que mantinha regularmente contato com o Marco, era o Francisco. Francisco era intelectual e levava o Marco para passeios gastronomicos, cafés e eventos culturais. Uma vez ele me disse que foi com o Francisco ver a Orquestra Nacional executando Bach - Suite no. 1 em Sol Maior. Casa cheia, Marco disse que foi maravilhoso. Depois de lá foram para um pub e Marco quase saiu na porrada com um cara que tava acompanhado de uma mulher que ele tentou a sorte. Nao havia Bach que libertasse essa alma...
Um dia paramos de falar. Ele havia dormido aqui em casa, no sofá, depois de umas 3 ou 4 garrafas de vinho (isso porque ele já havia vindo pra cá "no grau"), e quando acordei no dia seguinte estava ele de cueca, cambaleando, num rodopio igual a piao em camera lenta, a casa toda suja de vomito e ele lambeu o vomito na minha frente. Eu o botei pra fora! Bastava, nao queria esse tipo de pessoa por perto.
Passaram alguns meses e nao tive mais notícias dele, soube através de amigos que estava namorando e havia mudado pra Croácia. Que fim teve o Marco?
Recebo meses depois um postal dele, perguntando como eu estava, dizendo que havia encontrado sua "alma-gemea".
Sunday, December 2, 2018
Filme sem partido?*
Nao escrevo por obrigacao, escrevo para nao perder a ideia que tive que no momento julguei ser consistente. Mesmo que daqui a uns 5 anos essa ideia nao tenha a mesma forca, sei que é preciso registrá-la. Portanto, só escrevo mesmo quando vejo necessidade, nao cumpro regras, contratos nem nada e por isso me sinto livre.
Dois diretores, dois lados. Duas geniais ideias internacionalmente famosas sendo mostradas de diferentes perspectivas. Quem é Clint Eastwood além de um de meus diretores preferidos? Quem é Steven Spielberg, que sabia dirigir criancas com uma sensibilidade jamais igualada por nenhum diretor?
Ambos tem lados políticos, ambos deixam bem claras as suas visoes em diversos filmes.
Vou pegar dois filmes, dois de cada.
Gran Torino e Sully, por Eastwood.
***Abaixo tem spoilers!***
Gran Torino é o típico filme para gerar discussoes nas mesas de jantar de família. O veterano de guerra(Guerra da Coréia) rabugento tem uma missao em sua ordinária vida entre uma cerveja e outra. Salvar um imigrante (olhado com bastante desprezo pelo veterano pelo fato de ser coreano), de ser levado pro mundo do crime. E faz isso com heroísmo ao máximo, entregando a própria vida.
Quando vi esse filme achei o máximo, fiquei inspirado. Porém, nao entendia naquela época o que Clint Eastwood gostaria de passar. Somente quando vi muitos de seus outros filmes, quando enxerguei as nuances nos detalhes de cada cena e principalmente, quando soube da posicao política de conservador/republicano é que pude entender o Clint Eastwood. Clint é também pró-armas.
A mensagem do filme é clara, um indivíduo tem que fazer da própria vida o meio para salvar um imigrante da criminalidade pois o governo nao é capaz de tal. Um ato, um indivíduo colocado acima da sociedade.
Em Sully temos um outro ato heróico que salva vidas, porém é questionado (por esse mesmo governo negligente em gran torino) por ter pousado no rio em vez de voltar pro aeroporto. Ele prova contra o governo que ele nao tinha tempo para voltar pro aeroporto, e estava certo! A perseguicao que sofre foi insensata e autoritária.
A mensagem em ambos os filmes é clara, o indivíduo é herói, deve ser exaltado quando age heroicamente, o governo(ou coletivo) é inútil e só atrapalha.
Daí vem Spielberg.
The Post e Bridge of spies
The post é um filme que nao tem como dar errado. História real, com atuacao brilhante de Meryl Streep. Esse filme exibe o poder da propaganda, ou melhor, o que ocorre quando Governo (EUA) e Mídia corporativa (EUA) se juntam para divulgar somente informacoes que lhes convem em troca de omitir tantas outras. A guerra do Vietnan acumulou vários crimes de guerra que por muitos anos ficaram longe do conhecimento dos americanos. Até que, uma mídia sacana e ousada, Washington Post, divulga tudo. E da noite pro dia todos os demais meios de comunicacao seguem o passo dela e também divulgam. O governo fica zureta!
Esse filme mostra nao somente o poder da mídia mas de cidadaos que resolvem fazer uma denúncia séria mesmo que isso ponha suas vidas, carreiras, enfim, tudo em risco.
Bridge of Spies é sobre um diplomata e um agente duplo russo que é usado como moeda de troca. O filme mostra o quanto nao existe lado "certo" ou "errado" quando ambos os gov. estao fazendo algo sujo (No caso EUA e Rússia). A CIA tortura o prisioneiro, de novo, tudo baseado em fatos.
A mensagem do filme também é clara. Nao existe heroísmo que nao venha com solidariedade e é exatamente o que faz o advogado James Donovan, representado por Tom Hanks.
*O título do post é mera ironia. Imagina se tirássemos o partido de todos os filmes? Até os que sao baseados em fatos tem partido e isso depende da visao política do/a diretor/a.
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