Monday, November 5, 2018

Trump X Bolsonaro - O voto em Bolsonaro é motivado por uma indignação semelhante ao voto em Trump, a maioria de pessoas brancas, classe-média desiludida e revoltada, e claro, os grupos de fascistas e neonazistas que abertamente apoiaram ambos os candidatos. Mesmo assim compará-lo com o gov. Trump é perda de tempo e inocência. O quadro geral do Brasil é grave para fazermos tal comparação e podemos afirmar categoricamente que o gov. Bolsonaro é muito pior que Trump. Pior no sentido de que Trump apenas precisou tocar o barco de uma economia que já se recuperava, com emprego em alta. No Brasil temos uma crise generalizada muito grande para ser revertida em pouco tempo. Além disso a campanha que ajudou eleger Bolsonaro foi muito mais feia, imunda, corrupta e envolta de polêmicas que a de Trump, com coerção de funcionários, caixa 2, lavagem de dinheiro e fake news até acusando o adversário Haddad de pedófilo. E o falso moralismo daqueles que levantaram a voz para defender seu candidato dizendo que não tinham corruptos de estimação cai quando vemos, por exemplo, seus líderes no congresso, três envolvidos em corrupção, Fraga, Ônix  e Pauderney.

Fantoches de distração - A única comparação coerente nesse momento entre Bolsonaro e Trump é da incoerência de ambos. Extremamente vaidosos, arrogantes e agindo por impulsos, além de demagogos, nunca sabemos se o que eles dizem será palavra e posto em prática. São figuras polêmicas e que por gostarem de flashes (Trump muito mais que o Bolsonaro) servem como distração para as câmeras enquanto medidas sérias ocorrem nos bastidores. E é isso que eu penso que vai ocorrer, a mídia corporativista alimentada pela distração através de discursos rasos, falas polêmicas , de baixo nível, discussões com jornalistas, boicotes, retaliações e muita fofoca(o brasileiro é particularmente chegado em fofoca) enquanto a austeridade neoliberal impõe sua vontade contra a maioria da população.

Fake News - O brasileiro é o usuário de internet que fica mais horas por dia conectado no mundo inteiro. Pelo alto índice de analfabetismo funcional se torna presa fácil da propaganda que circula em velocidade e quantidade fenomenais nas redes sociais. Um estudo recente diz que 90% dos eleitores de Bolsonaro acreditam em fake news. Temos amplificadores de conspirações e notícias falsas que têm alcance e audiência maiores que vários canais de TV ao mesmo tempo. Figuras públicas como Nando Moura, Olavo de Carvalho, e muitos outros que continuarão fazendo o trabalho sujo de manter seguidores presos aos seus discursos com retóricas conspiratórias. Como verdadeiras seitas propagandistas e falaciosas, deixariam Alex Jones cheio de inveja. Infelizmente o trabalho de desinformação que esses sujeitos fazem é enorme e levará muito tempo para desfazê-lo.

Temer 2.0 - O gov. Bolsonaro é a continuação da agenda imposta a força pelo impopular e desastroso governo de austeridade do Temer, com aprovações em avalanche de reformas e cortes, incluindo cortes de ministérios, orçamentos, reforma trabalhista que jamais seriam aprovadas caso houvesse consulta popular. A reforma da previdência e precarização da nossa já precária força de trabalho e inseguranca empregatícia, além de mais repressão e violência.

Apoio dos EUA - Em 2013, Edward Snowden, ex-agente do serviço de espionagem americana, denunciou que o Brasil era o principal alvo de espionagem dos EUA. O Wikileaks denunciou que Temer foi informante da CIA. A agenda neoliberal é empurrada a força no Brasil com apoio dos EUA para voltarmos a ser tentáculo estratégico dos EUA nas Américas. O Brasil foi ousado quando se soltou um pouco dessas rédeas, ao alinhar-se com os BRICS e consolidar o bloco do Mercosul. Ao alinhar-se com a China, também cutucou os EUA que não permitiriam que essa autonomia durasse muito tempo. Trump verá em Bolsonaro uma ilha no meio de enorme rejeição internacional que ambos sofrem, e esse amor já se mostra recíproco, além, claro, de perigoso no cenário atual que o mundo vive.

Neoliberalismo 2.0 (friendly fascism) - Bolsonaro não tem interesse em fazer governo para a classe-média, menos ainda para os mais pobres. Seu assessor Paulo Guedes nos deixa isto claro, que, alinhado com a já mencionada agenda neoliberal friendly fascist, Bolsonaro é outro governo deles (da elite, donos do poder), para governar para eles (elite, donos do poder). Se ainda há dúvidas sobre isso basta ver, por exemplo, como reagiu a bolsa de valores e o mercado em ambas as eleições (Trump e Bolsonaro). A nomeação e aceitação de cargo no Ministério da Justiça por Moro também deixa claro o corporativismo bem sólido de governo e justiça brasileiras. Moro colocou Lula, principal rival de Bolsonaro, na cadeia e durante 7 vezes desmentiu que aceitaria algum cargo político. Aceitou o convite de Bolsonaro sem pensar e em suas palavras, ficou "honrado". Nunca a hipocrisia foi tão explícita.
Paulo Guedes também defende mais privatizações e sua reforma tributária não deixa certo quem irá se beneficiar, mas podemos ter ideia de quem será beneficiados no governo montado sob encomenda para a elite do poder. Infelizmente ao contrário do que motivou os votos de muitos inocentes eleitores de Bolsonaro, não há absolutamente nada mais do mesmo, status quo, mais establishment do que o que esse governo propõe.

Violência - Será carro-chefe da política de Bolsonaro obviamente. O Brasil lista como dos países mais violentos das Américas e o respeito aos direitos humanos é quase nulo. A eleição de Bolsonaro já vem manchada de sangue com relatos por todo o país de pessoas sendo mortas ou atacadas por eleitores de Bolsonaro. A polarização continua muito forte e tóxica. E o que surpreende ainda mais é constatar que a campanha de Bolsonaro martela na intensificação da repressão policial com uso de violência ilimitada contra, inclusive, movimentos sociais e aumento de armas vendidas na população com a ideia de que com isso você irá diminuir a violência. Mais uso de ferramentas de violência para diminuir violência? É papo que soa como melodia para os fabricantes de armas e seus lobbistas.

Congresso descaracterizado mas conservador - Não será fácil para ninguém lidar com um país com fratura exposta pela crise generalizada, o gov. encontrará dificuldades também no legislativo, não sabemos como o congresso descaracterizado se comportará sem a hegemonia do MDB que sofreu previsível perda de assentos do MDB (perdeu metade dos assentos) e ascensão do PSL partido "incógnita" provavelmente representando os setores mais conservadores e retrógrados do país. As bancadas da bala, rural e principalmente a bancada evangélica cresceram e são bancadas tão retrógradas que não deveriam nem ter metade do poder que já têm. Ironicamente o PT, apesar dos infinitos ataques midiáticos continua sendo o partido com a maior bancada no congresso. Precisará também de esforço para conseguir aliancas, ainda mais com possível afastamento do PDT e uma nova aliança à esquerda.

Vice fardado - como se não bastassem todas as ameaças graves que pairam contra a frágil democracia brasileira, temos ainda a presença de uma figura obscura e autoritária como General Mourão, vice-presidente que em poucas palavras mostra o quão danoso pode ser.  Se algo ocorre com o Bolsonaro e o vice tem que assumir tudo mais distante de progresso podemos esperar.

Mídia corporativa brasileira -  Sempre esteve devidamente alinhada com os mesmos interesses, sendo controlada por 6 famílias, ironicamente, de alguns meses para cá, vemos leves farpas trocadas entre jornalistas e até anti-petistas fervorosos tentando colocar freio no aumento do ódio. Isso se confirma também nas ameaças, boicotes e retaliações que jornalistas que vão contra a onda Bolsonaro vêm sofrendo frequentemente. Nosso ranking de liberdade de imprensa ja é desastroso, mas nada que não possa ficar ainda pior. Bolsonaro deve manter isolamento da mídia corporativista, colocando-a em quarentena e falando apenas com as que o apoiam como a evangélica Record, espécie de Fox News com bíblia e o SBT, antigo aliado da ditadura. Essa estratégia de Bolsonaro de se manter calado funcionou durante sua campanha depois da facada.

Esperança? Enquanto houver resistência, sim. 42 milhões de eleitores brasileiros (mais de 2 Estados de São Paulo) não votaram em ninguém. 47 milhões votaram no outro candidato. São 90 milhões que não votaram em Bolsonaro. A classe dos artistas também se coloca majoritariamente contra o fascismo de Bolsonaro. O governo vai ter que conviver com esse barulho. Mesmo com tanta resistência assistimos estarrecidos a essa mancha escura que toma conta de algumas partes do planeta com a agenda mais carregada de tudo de pior que o sistema tem a oferecer, destruição de políticas sociais, destruição e ataque ao meio-ambiente e concentração de poder, além do aumento da violência e miséria.

Ainda estamos no início do inverno, que começou de alguns anos para cá. O início do inverno consegue ser suportável quando temos uma ideia de quando será o fim dele. No Brasil não temos essa ideia.

Trump X Bolsonaro - The votes for Bolsonaro were motivated by a similar revolt than the votes that elected Trump, mostly white people, disillusioned and revolted middle class, and of course the fascist and neo-Nazi groups who openly supported both candidates. Even so, comparing Bolsonaro to Trump is a waste of time and innocence. The whole scenario of Brazil is serious to make such a comparison and we can state categorically that the government Bolsonaro is much worse than Trump. Worse in the sense that Trump just had to avoid any action towards an economy that was already recovering, with employment on the rise. In Brazil we have a generalized crisis too big to be reversed in a short time. Nevertheless, the campaign that elected Bolsonaro was much uglier, filthy, corrupt, and filled with more scandals than Trump's one, with coercion of employees by their bosses, money laundering and fake news even one accusing Haddad of being pedophile. And the self-righteousness of those who raised their voices to defend their candidate by saying they had no pet corrupts contradict themselves when we see, for example, their leaders in Congress, three corrupt, Fraga, Onyx, and Pauderney.

Distraction puppets - The only coherent comparison now between Bolsonaro and Trump is their incoherence. Extremely vain, arrogant and acting on impulse, as well as two demagogues, we never know if whatever they say it can be taken seriously and put into practice. They are controversial figures and because they like flashes (Trump much more than Bolsonaro) it works as a distraction for the cameras while serious measures happen behind the scenes. And this is what I think is going to happen, the corporate media fed by distraction through shallow speeches, hot arguments, discussions with journalists, boycotts, retaliations and much gossip (Brazilians are particularly into gossips), while the austerity neoliberal agenda imposes its will against the majority of the population.

Fake News - Brazilians users are the ones who spend most time per day connected to the internet in the whole world. With high rate of functional illiteracy it makes them become an easy target for propaganda and defamation that goes around in phenomenal speed and quantity in social medias. A recent study says that 90% of Bolsonaro voters believe in fake news. We have conspiracy amplifiers and fake news that have reach and audience larger than several TV channels at the same time. Public figures such as Nando Moura or Olavo de Carvalho, and many others who will continue to do the dirty work of keeping followers blinds in their speeches with conspiratorial rhetoric. Like fallacious cults, they would leave Alex Jones full of envy. Unfortunately the damage done by these guys is huge and it will take a long time to reverse it.

Temer 2.0 - Bolsonaro is the continuation of the agenda imposed through force by Temer's unpopular and disastrous austerity government, with an avalanche of reforms and cuts being passed, including cabinet ministries, budgets, labor reform that would never be passed if there was a referendum. The pension reform and precariousness of our already precarious workforce and job insecurity, in addition to more repression and violence.

US support - In 2013, the former spy of NSA Snowden reported that Brazil was the main target of US espionage. Wikileaks reported that Temer was a CIA informant. The neoliberal agenda pushed by force in Brazil with clear US support is that once again Brazil will become the strategic tentacle of the United States in the Americas. Brazil was bold when it released itself a bit from US control, by aligning itself with the BRICS and consolidating the Mercosur bloc. Mostly because of its partnership with China, the US could not allow this to last long.Trump will see in Bolsonaro an island in the middle of enormous international rejection that both face against them, and this love is reciprocal. This probable alliance is also threatening considering the current political aspect of the world we live in.

Neoliberalism 2.0 (friendly fascism) - Bolsonaro has no interest in govern for the middle class, let alone the poor. His financial advisor, Paulo Guedes, makes it clear that, aligned with the aforementioned neoliberal agenda in its fascist form, Bolsonaro is another government of them (of the elite, the masters), to rule for them (elite, the masters). If there are still doubts about this, take a look at how the stock market reacted in both elections (Trump and Bolsonaro). The nomination and acceptance of a position in the Ministry of Justice by Moro also makes clear the very solid corporatism of Brazilian government and justice. Moro jailed Lula, Bolsonaro's main rival, and for 7 times denied that he would take any political job. Well, he took Bolsonaro's invitation without thinking twice and in his words, "he felt honored." Hypocrisy at its best.
Paulo Guedes also defends more privatizations and his tax reform does not let us to know who will benefit, but we can have an idea that it is going to be the elite. Unfortunately, contrary to what motivated many innocent people to vote for Bolsonaro, there is absolutely nothing more status quo, more establishment than what this government proposes.

Violence - Obviously it will be the flagship of Bolsonaro politics. Brazil lists as the most violent countries in the Americas and respect for human rights is very low. Bolsonaro's election is already blood-stained with reports throughout the country of people being killed or attacked by Bolsonaro voters. The polarization remains very strong and toxic. What is even more surprising is that Bolsonaro's campaign focus in the intensification of police repression with the use of unlimited violence against social movements and the increase of arms sold in the population with the idea that this will reduce violence. More use of violence tools to reduce violence? It sounds like lobbyists and gun manufactures type of talk.

Defective Congress and conservative - It will not be easy for anyone to deal with a country with a fracture exposed by the generalized crisis, the gov will also find difficulties in the congress, we do not know how the de-characterized Congress will behave without the hegemony of the MDB that suffered predictable loss of seats (they lost half of their seats) and rising of Bolsanaro's PSL, a"mysterious" party probably representing the more conservative and retrograde sectors of the country. The bullet, the rural, and especially the evangelical representatives in congress have grown significantly and are so retrograde that they should not even have half the power they already have. Ironically, the PT the Workers Party, despite unaccountable media attacks, remains the party with the highest number of seats in the congress. It will also require an effort to make alliances, even more with a possible departure from the PDT and a new alliance on the left.

Regimental Vice-President- as if all the threats against the fragile Brazilian democracy were not enough, we have the presence of an obscure and authoritarian figure like General Mourão, vice president who without saying much can show how bad he is. If something happens with Bolsonaro, his vice takes over and anything but progress can happen.

Brazilian corporate media - it has always been aligned with the interests of the elite, owned by 6 rich families, there were light arguments between journalists of this mass media, even between well-known anti-PT(the workers Party) trying to put a brake on the increase of hate, it was a bit late. This is also confirmed in the threats, boycotts and retaliations that journalists who go against the Bolsonaro wave are often suffering. Our ranking of freedom of the press is disastrous, but nothing that can not get even worse. Bolsonaro's strategy of keeping isolation from the media worked during his campaign for presidency. He will mantain his isolation from the corporate media, putting it into quarantine and will speak only to those who support him, such as Record TV, a kind of Fox News with Bible.

Hope? As long as there is resistance, yes. 42 million Brazilian voters (more than 2 states of São Paulo) did not vote for anyone. 47 million voted for the other candidate. In total these are 90 million who did not vote for Bolsonaro. The class of the artists also stands against the fascism of Bolsonaro. The government will have to take this noise. Even with so much resistance we are astonished to see this dark patch that takes over some parts of the planet with the most loaded agenda of everything the system has to offer, destruction of social policies, destruction and attack on the environment and concentration of power , in addition to the increase of violence and misery.

It's still early winter, which began a few years back. The beginning of winter can be bearable when we have an idea of ​​when it will end. In Brazil we do not have this idea.



No comments: